Melhore os sintomas de endometriose com a sua alimentação
Sabia que a prevalência de endometriose é cerca de 10% na população? Essa mesma prevalência aumenta para 25 a 45% em mulheres que sofrem de infertilidade!
Mas o que é a endometriose?
É uma doença crónica, inflamatória e estrogénio-dependente e é quando ocorrem lesões provocadas pelo crescimento de células que constituem o útero fora do mesmo, isto é, essas mesmas células podem aparecer nos ovários, bexiga, intestino ou mesmo em outros órgãos.
O útero é constituído por várias camadas, sendo o endométrio, o revestimento interno. Quando ocorre a menstruação, existe a descamação desse mesmo revestimento interno (endométrio) e posterior regeneração. A cada ciclo há formação de um novo revestimento e é uma altura com maior crescimento celular.
Contudo, apesar de estas mesmas células estarem “fora” da sua localização esperada, respondem à mesma aos estímulos hormonais. Quando há um aumento de estrogénio, ou mesmo o seu excesso, há uma maior produção de prostaglandinas, que são responsáveis pela inflamação e consequentemente, da dor, um dos principais sintomas da endometriose.
A evolução da doença, leva a que haja alterações imunológicas anormais, levando assim a um aumento de fatores pró-inflamatórios.
A causa da Endometriose?
As evidências têm associado fatores genéticos, ambientais como estilo de vida ao desenvolvimento da endometriose. A nutrição, apesar de pouco abordada aquando do tratamento, tem o seu impacto a nível de sintomas como na progressão da mesma.
E os sintomas?
Por norma, estes surgem com o início da menstruação, contudo e na maioria dos casos, os sintomas aparecem mais tarde e a sua intensidade vai também aumentando.
Para além das dores intensas, a nível pélvico/abdominal, sentidas na fase da menstruação, para algumas mulheres, são acompanhadas por vómito, diarreia e/ou desmaio. Outros sintomas associados são a infertilidade e dor ao urinar, mesmo fora do período menstrual.
O papel da alimentação na Endometriose
As evidências têm relacionado cada vez mais a alimentação com esta patologia visto, ajudar quer na prevenção como na diminuição do seu desenvolvimento e as suas repercussões.
Será sempre necessário um acompanhamento multidisciplinar, sendo a Nutricionista uma peça chave na equipa, sendo a Nutrição uma terapia adjuvante ao seu tratamento.
Os estudos têm demonstrado uma relação com determinados nutrientes como o ácido fólico, a vitamina B12, o zinco e a colina, que quando em défice, poderão interferir na metilação do DNA, resultando assim num aumento da inflamação como do crescimento celular.
Por outro lado, o cálcio, zinco, selénio, vitamina C, vitamina E e fitoquímicos (carotenos, flavonoides, indole, isotiocianatos) estão intimamente relacionados com a fisiopatologia da Endometriose bem como o equilíbrio hormonal, sinalização celular, controlo do crescimento celular, apoptose entre muito outros.
Os polifenóis, para além da sua atividade antioxidante, têm também a capacidade de modular a atividade enzimática. Por exemplo, o resveratrol, um polifenóide presente na casca das uvas pretas, têm demonstrado atividade antineoplásica, anti-inflamatória e antioxidante.
As vitaminas A, C e E têm atividade antioxidante e previnem a peroxidação lipídica, um fenómeno que contribui para o desenvolvimento e progressão de doenças crónicas com características inflamatórias, nas quais a endometriose está incluída.
A vitamina D tem sido amplamente estudada devido à sua grande abrangência tendo esta uma ação anti-inflamatória, imunomodeladora, antiproliferativa e no metabolismo ósseo. Na endometriose, a forma ativa da vitamina D reduz a síntese
A N-acetilcisteina (NAC), presente no pigmento vermelho, alho, cebolas, brócolos e outras crucíferas e aveia, regula a proliferação celular como a activação de um determinado genes nas células do endométrio como reduz a produção de peróxido de hidrogénio, diminuindo a stress oxidativo.
A suplementação de NAC têm tido uma relação na redução do tamanho do endometrioma, havendo uma alteração no comportamento proliferativo, para além da alteração da atividade inflamatória e invasiva.
De uma forma muito sucinta, os principais objetivos da alimentação na endometriose serão:
- Reduzir a inflamação, através da redução dos alimentos pró-inflamatórios e aumentar o consumo de alimentos anti-inflamatórios;
- Melhorar os mecanismos naturais de desintoxicação do organismo;
- Promover o bom funcionamento do trânsito intestinal como melhorar a qualidade da flora intestinal.
De forma a dar os seus primeiros passos, os cuidados a ter são:
- Alimentos como o açúcar, cafeína, lacticínios, carne vermelha e álcool deverão ser reduzidos ao máximo ou mesmo excluídos;
- Evite a gordura de origem animal visto estar correlacionada com o aumenta da produção de prostaglandinas que por si aumenta a inflamação, edema e contração muscular;
- Aumente o consumo de fibra, através de hortícolas, leguminosas e cereais integrais (aveia, kamut, millet, araruta);
- Reduza as fontes de gordura saturada e exclua a gordura trans;
- Aumente o consumo de alimentos ricos em ómega-3, em especial dos peixes: salmão selvagem, atum, sardinhas, cavala, arenque;
- Inclua boas fontes de gordura, para além do peixe, como o azeite extra virgem, oleaginosas e abacate;
- Tenha presente a família das crucíferas (brócolos, couves, espargos, rúcula…) ricos em indole-3-carbinol e combine com alimentos ricos em vitamina C (kiwi, limão, papaia, cenoura).
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Contacte-nos para falarmos maisArtigo publicado pela nutricionista Ana Santos.