Laxantes
Laxantes são agentes que estimulam a evacuação das fezes do intestino. São medicamentos fáceis de comprar, além de ser um tratamento economicamente acessível e seguro para a obstipação.
Os laxantes diferem em termos de mecanismo de ação e é assim que são classificados: laxantes formadores de volume, laxantes lubrificantes, amaciadores de fezes, laxantes estimulantes, laxantes osmóticos e laxantes salinos.
Devido à falta de dados de eficácia para a maior parte dos laxantes, a escolha é geralmente baseada no: mecanismo de ação, tolerabilidade e preferência do paciente. Algumas tentativas podem ser necessárias para identificar qual é o laxante ideal. Também é importante salientar que as evidências da literatura indicam que cerca de 1/2 dos pacientes tratados com laxantes, estão decepcionados com a falta de eficácia a longo prazo.
Os laxantes mais comuns, geralmente vendidos sem receita médica, são:
- Laxantes estimulantes
Aumentam o movimento de líquidos e eletrólitos no cólon ou promovendo o peristaltismo no cólon, induzindo um movimento intestinal. Eles são frequentemente combinados com amaciadores de fezes (como o docusato de sódio). Os mais conhecidos são: bisacodil, óleo de castor, cáscara, ruibarbo, picossulfato de sódio e laxantes derivados de antraquinona conjugados (como cáscara sagrada, aloe, uva-ursina e senna). É recomendado utilizar os laxantes derivados de antraquinona a curto prazo, para evitar dependência e melanose coli (uma pigmentação na mucosa do cólon deriva do uso crônico de laxantes). É importante saber que muitos laxantes vendidos comercialmente como “naturais” também contêm ingredientes estimulantes. Quanto ao uso desse tipo de laxante na síndrome do intestino irritável, poucos estudos foram realizados. Embora os laxantes estimulantes melhorem a obstipação, eles são menos eficazes no tratamento de outros sintomas, como dor e distensão. Os efeitos adversos desses laxantes são: dor abdominal, diarreia, náusea, vomito, trânsito intestinal imprevisível. O uso prolongado pode causar perda de líquidos e eletrólitos, por isso devem ser usados com cuidado em idosos, pessoas com insuficiência cardíaca e em pacientes que tomam diuréticos. O perfil de segurança dos laxantes estimulantes é inferior aos laxantes osmóticos e / ou formadores de volume, de modo que estes últimos agentes são recomendados como terapia de primeira linha na síndrome do intestino irritável. - Amaciadores de fezes
São emolientes (detergentes) que facilitam a interação entre a água colônica e as fezes, proporcionando um efeito amaciador e lubrificante. Na sua dose normal, os amaciadores de fezes aumentam o conteúdo de água das fezes em 3-5%. Os mais utilizados são: docusato de potássio, docusato de sódio e docusate cálcio. Quanto ao seu uso na síndrome do intestino irritável, um estudo mostrou que esses agentes eram menos eficazes que o psílio e chegaram a reduzir a frequência de movimentos intestinais - Laxantes osmóticos
Contêm íons ou moléculas que são mal absorvidos no intestino delgado, passando para o intestino grosso, onde atraem água. A água adicional no intestino grosso aumenta o volume intestinal, o que melhora a consistência das fezes e facilita a defecação. Os laxantes que fazem parte deste grupo são: polietileno glicol (PEG), sulfato de magnésio (sais de epsom), misturas de sulfato de sódio, sulfato de potássio e sulfato de magnésio, glicerina, lactulose e sorbitol (por exemplo, sumo de ameixa).
No que diz respeito sobre o uso de laxantes osmóticos na síndrome do intestino irritável, existem estudos na utilização do PEG. O mecanismo de acção é o seguinte: a água ingerida com o PEG é retida no intestino. Isso aumenta o volume intestinal, o que melhora a consistência das fezes e facilita a defecação. Os polímeros também não são absorvidos, tornando-os mais adequados para uso a longo prazo (se usados em pequenas doses). Portanto esses laxantes melhoram a consistência e a frequência das fezes, mas não tem efeitos na dor ou distensão abdominal. Além disso, é aconselhável que que quem sofre da SII opte por laxantes osmóticos não fermentáveis (como PEG e sulfato de magnésio), em vez de laxantes osmóticos fermentáveis (como sorbitol e lactulose). Isso porque os agentes fermentáveis podem ser mal tolerados. - Laxantes para formação de volume
Basicamente são suplementos de fibras, onde o mecanismo de ação é aumentar a quantidade de água nas fezes e aumentar o volume do conteúdo intestinal. Sugere-se que isso estimule o peristaltismo e acelere o trânsito intestinal. A mudança na consistência das fezes também pode facilitar a defecação. Os mais conhecidos são: casca de psílio, metilcelulose, sterculia, dextrina de trigo e policarbonato de cálcio.
No que diz respeito a síndrome do intestino irritável, é a principal escolha. Entretanto a fermentação da fibra pode resultar em inchaço, distensão, flatulência e dor. Por isso, neste caso, fibras não fermentáveis (como metilcelulose e sterculia) são mais indicadas do que as fibras fermentáveis (como farelo de trigo). - Laxantes salinos
São um tipo de laxante osmótico e essencialmente sais líquidos. Os mais utilizados são: leite de magnésia, sais de sulfato (fosfato de sódio) e sais de citrato. Esse tipo de laxante promove a retenção osmótica de líquido no cólon e esvazia-o rapidamente (30 minutos a 3 horas). Às vezes, são usados como parte de um protocolo de evacuação antes de uma colonoscopia ou cirurgia. - Laxantes lubrificantes
Lubrificam e reduzem a absorção de água NO intestino. Os mais utilizados são: óleo mineral, emulsão de parafina e supositórios de glicerol. O uso a longo prazo não é recomendado, pois podem comprometer a absorção de vitaminas solúveis em gordura.
Posso criar dependência aos laxantes?
Existe uma crença comum de que o uso prolongado de laxante leva a habituação (uma redução na resposta a laxantes), dependência (necessidade de aumentar a dose de laxante para manter o mesmo efeito), uso indevido e / ou abuso. Segue um esclarecimento abaixo:
Primeiro: o “ficar viciado em laxantes” é algo que não existe, pois os laxantes não atravessam a barreira hematoencefálica.
Segundo: o uso indevido e / ou abuso de laxantes já é outro assunto, e é caracterizados por pessoas que tomam doses excessivas e devido a isso, tem diarréia por longos períodos de tempo. Algumas pessoas fazem isso porque acreditam que os laxantes ajudam a emagrecer. E em doses altas, isso pode acontecer. Só que assim que param de tomar o laxante, recuperam o peso.
Terceiro: a tolerância acontece quando a pessoa torna-se dependente dos laxantes para conseguir defecar. No entanto, pode ser difícil determinar se a necessidade de doses maiores refletem o desenvolvimento de uma tolerância ou um agravamento da obstipação. Para evitar isso, naquelas pessoas em que os laxantes deixam de fazer efeito, é melhor alterar o tipo do laxante, em vez de aumentar a dose.
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