Tratamento para obstipação

Tratamento para obstipação

O tratamento para obstipação pode ser realizado através de diversas terapias, sendo um problema comum na síndrome do intestino irritável e acredita-se que afeta mais da metade dos pacientes.

Os sintomas são:

  • Dificuldade em passar as fezes;
  • Sensação de evacuação incompleta;
  • Fezes duras ou irregulares;
  • Defecar com pouca frequência;
  • Sensação de bloqueio no ânus e / ou reto;
  • Ter de usar os dedos para remover fezes

Pacientes que sofrem desse problema relatam que não defecar com regularidade parece agravar outros sintomas, como dor abdominal, excesso de gases, inchaço e / ou distensão.

Causas

Vários fatores podem piorar a obstipação, como:

  • Alguns medicamentos (por exemplo, codeína para alívio da dor)
  • Alguns suplementos nutricionais (por exemplo, suplementos de ferro)
  • Dieta (particularmente uma ingestão inadequada de fibras)
  • Desidratação
  • Inatividade física
  • Disfunção tireoidiana

Tratamento

Existe uma variedade de terapias podem ajudar a tratar a obstipação. Embora estratégias simples, como mudanças na quantidade de fibra e / ou líquidos, exercício físico e educação sobre hábitos intestinais corretos sejam terapias úteis de primeira linha, pacientes com obstipação mais grave geralmente precisam de uma abordagem combinada. Isso inclui medidas dietéticas e de estilo de vida, medicamentos sem e / ou com prescrição médica, terapias comportamentais e, mais recentemente, neuromodulação.

Dieta baixa em FODMAP

Uma dieta baixa em FODMAP é eficaz quando consome-se alimentos ricos em fibras, mas baixos em FODMAPs, e pode ser suplementada com psílio para garantir a ingestão diária adequada (25-30g).

Um dos subgrupos FODMAPs eliminados na primeira fase da dieta, excesso de frutose e polióis, são osmoticamente ativos (promovem a entrega de água ao lúmen intestinal) e os pacientes podem se beneficiar da reintrodução desses alimentos no início das fases 2 e 3 da dieta.

É importante salientar que um aumento na ingestão de fibras (por exemplo, em indivíduos com fezes duras, defecação pouco frequentes e baixa ingestão de fibras), deve ser feito gradualmente ao longo de uma semana, para o intestino adaptar-se a esse aumento. Como alternativa, uma redução na ingestão de fibras pode ser testada se a ingestão de fibras for alta e a resposta à dieta for ruim.

Algumas pessoas preferem aumentar a ingestão de fibras usando suplementos, em vez de alimentos. Neste caso, os suplementos de fibra pouco fermentáveis ​​(como sterculia ou metilcelulose) são recomendados como primeira linha de tratamento. Se esses produtos não estiverem disponíveis, uma dose baixa de psílio (3,5 – 7g para ser tomado 3x por dia) pode ser utilizado. É recomendado começar com uma dose baixa e aumentar aos poucos, conforme tolerado e por mais de uma semana até que o trânsito intestinal melhore.

Abaixo, seguem algumas recomendações de meta-análises, revisões e diretrizes clínicas sobre o uso de suplementos de fibra na síndrome do intestino irritável :

  • Sterculia e metilcelulose têm boas características para o tratamento da obstipação, mas existem poucos estudos bem realizados para demonstrar seus benefícios;
  • Fibras solúveis (como psílio) podem ser eficazes, mas é importante estar cientes do risco de inchaço ou distensão que pode causar ​​em uma proporção de pacientes e que eles possam considerar como sintomas desconfortáveis;
  • Sementes de linhaça (até 2 colheres de sopa / dia) e aveia podem ajudar a reduzir a dor abdominal e o inchaço;
  • A goma de guar parcialmente hidrolisada (PHGG) pode ser útil e bem tolerada, mas poucos estudos foram realizados;
  • Fibras insolúveis (como farelo de trigo) são ineficazes e podem agravar a dor abdominal e o inchaço.

Líquidos

Uma recomendação comum para ajudar com a obstipação é aumentar a ingestão de líquidos. Apesar de muitas pessoas adotarem essa estratégia, há muito pouca evidência científica para sugerir que ela seja eficaz, exceto na presença de desidratação. Por exemplo, a ingestão de líquidos em indivíduos que sofrem de obstipação parece ser semelhante à de indivíduos saudáveis e, enquanto a frequência das fezes diminui com uma ingestão muito baixa de líquidos (500 ml por dia em comparação a 2500 ml por dia), a ingestão de líquidos acima dos níveis normais não parece aumentar a defecação em indivíduos saudáveis.

Um estudo realizado em pessoas com obstipação funcional mostrou que aquelas que consumiam quantidades adequadas de fibras (25 g por dia) e  bebiam em média 2L de líquido por dia tiveram um aumento na frequência de movimentos intestinais e reduziram o uso de laxante (comparado a um grupo que consumia +-1L por dia). Apenas o aumento da ingestão de líquidos por si só não demonstrou melhorar esse sintoma.

Atividade física

O exercício físico pode melhorar a obstipação, e existem algumas evidências que apoiam essa recomendação. Exercícios leves a moderados podem ajudar a defecar com mais regularidade, a mover os gases e reduzir o inchaço e a distensão. A atividade física também melhora a qualidade de vida e os parâmetros psicológicos que contribuem para os sintomas da síndrome do intestino irritável (ansiedade e depressão).

Embora o exercício também possa piorar os sintomas gastrointestinais, isso geralmente é observado com exercícios muito extenuantes (como maratonas, eventos de resistência), especialmente se for realizado no calor e quando desidratado.

Com isso em mente, a atividade física regular, de intensidade leve a moderada deve ser considerada um componente essencial para melhorar esse sintoma.

Recomenda-se que as pessoas sejam ativas todos os dias da semana, e que acumulem 150 a 300 minutos (2 ½ a 5 horas) de atividade física de intensidade moderada (como caminhada rápida, natação ou tênis) ou 75 a 150 minutos (1 – 2 a 2 ½ horas) de atividade física de intensidade vigorosa (como aeróbica, corrida, muitos esportes competitivos) ou uma combinação das duas por semana.

Cafeína

Acredita-se que a cafeína atue como um estimulante gastrointestinal e alguns estudos demonstraram que o consumo de cafeína promove a defecação, mas não há literatura científica que comprove essa teoria.

Laxantes

Os laxantes são considerados um tratamento seguro e eficaz. O perfil de segurança dos laxantes osmóticos é geralmente considerado superior ao dos laxantes estimulantes; portanto, os primeiros são geralmente considerados a opção de primeira linha. É aconselhável utilizar laxantes osmóticos não fermentáveis, como polietilenoglicol (PEG) e sulfato de magnésio (sais de Epsom), em vez de laxantes osmóticos fermentáveis ​​(como lactulose, sorbitol e suco de ameixa). Isso porque os laxantes osmóticos fermentáveis ​​podem aumentar o acúmulo de líquidos e gases intestinais e, portanto, piorar os sintomas em quem sofre da síndrome do intestino irritável.

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