dieta paleo e dieta mediterrânica

Dieta paleo e dieta mediterrânica

Entrevista para a Women’s Health Portugal que fala sobre a dieta paleo e a dieta mediterrânica.

Como se contorna o facto de vivermos numa sociedade ainda muito vinculada à dieta mediterrânica, seguindo um estilo de vida tão diferente? Sente que há quem desista por encontrar dificuldades acrescidas?

A principal dificuldade em passar da dieta mediterrânica para a paleo é deixar de comer os cereais, principalmente o pão.

A maior parte das pessoas desistem porque não esperam tempo o suficiente para criar um novo hábito, habituar o paladar a novos sabores, pensar e pesquisar novas receitas para fazer parte do dia a dia.

Outra dificuldade é em relação ao custo: os cereais são mais económicos.

Também tem o fator tempo: é muito mais rápido fazer arroz ou massa do que uma salada ou um salteado de vegetais, pois os vegetais requerem uma maior preparação: lavar, descascar, cortar e cozinhar.

Estamos cada vez mais a afastar-nos da nossa dieta típica, a dieta mediterrânica?

Com certeza e é possível notar essa mudança principalmente nas grandes cidades. Basta ver o conteúdo do prato dos restaurantes de comida típica: na maior parte das vezes tem pouquíssimo vegetais, ¼ do prato, e o restante são grandes quantidades proteína animal e acompanhamentos ricos em hidratos de carbono como o arroz e a batata. E muitas vezes as pessoas fazem uma refeição assim 2x por dia.

Vale a pena lembrar que na dieta mediterrânica a base da alimentação é de vegetais, frutas e cereais integrais e não se come proteína animal nas quantidades que se come atualmente. Eu suponho que nem no tempo do paleolítico se consumia carne nas quantidades que se consome hoje. Basta perguntar-se: “será que eles conseguiam caçar todos os dias?” “ será que eles tinham carne disponível todos os dias”? Aqueles que já caçaram sabem não é tarefa fácil. E naquela época eles não tinham as armas sofisticadas que temos hoje.

No que diz respeito as calorias dos cereais, para os nossos avós e bisavós, talvez fizesse sentido comer pão e batata, pois eles passavam o dia a trabalhar na quinta, os trabalhos exigiam um maior esforço físico, a roupa era lavada à mão e não na máquina. Atualmente a maior parte das pessoas passam o dia sentadas à frente de um computador. Não faz sentido estar a comer alimentos com uma carga energética tão elevada, como é o caso dos cereais, quando se tem uma vida sedentária.

O que era comum antigamente e ainda é possível encontrar, são pessoas idosas, que comem apenas uma sopa de vegetais e uma fruta ao jantar.

Quais são/ seriam as principais dificuldades para alguém que segue a dieta mediterrânica e que agora quer passar para a dieta paleo?

Comparando as duas pirâmides, eu acredito que as principais dificuldades em passar da dieta mediterrânica para a paleo seria a eliminação dos cereais integrais, grãos e leguminosas, pois estes alimentos estão na base da pirâmide mediterrânica. Outra possível dificuldade seria aumentar o consumo de proteína animal, que a seguir os vegetais e frutas, são a base da alimentação paleo, enquanto na pirâmide mediterrânica, esses alimentos estão mais próximos do topo.

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