Síndrome do Ovário Poliquístico: entenda e saiba como tratá-la
Após o seu diagnóstico, é perfeitamente normal que fique alarmada e com algumas preocupações. Questiona-se: o que é ao certo? Que complicações me trará? Poderei fazer alguma coisa?
De forma a ajudar, vou falar um pouco sobre a Síndrome do Ovário Poliquístico, para perceber o que é ao certo, o que lhe poderá afetar e caso haja alguma forma de actuar, como poderá fazer a diferença!
De uma forma simples, esta Síndrome afeta a componente hormonal do sistema reprodutor da mulher.
Existe um aumento na produção de androgénios, hormonas sexuais masculinas, que afetam o seu ciclo menstrual.
Este aumento na produção de androgénios fará com que haja inúmeros folículos ováricos sem maturação, não existindo ovulação – anovulação. (A ovulação é quando o ovário liberta o óvulo).
Assim sendo, as principais características clínicas desta Síndrome são:
- a presença de hiperandrogenismo (excesso de produção de androgénios), com diferentes graus de manifestação clínica;
- anovulação crónica.
Por ser uma Síndrome multifatorial, existem vários protocolos para o seu diagnóstico, dependendo da Sociedade Médica em que o médico se baseia:
E, questiona-se , qual é a causa?
Apesar de ainda não ser clara, há inúmeros fatores que poderão estar implicados na etiologia da SOP:
- Componente genética;
- Fator metabólico pré e pós-natal;
- Distúrbios endócrinos hereditários;
- Fatores ambientes.
E quais são os sintomas?
- Hirsutismo: presença de pelos em áreas características masculinas;
- Acne;
- Alopecia androgénica: queda de cabelo acentuada na zona superior;
- Seborreia: caspa e/ou oleosidade;
- Irregularidades menstruais:
- Amenorreia primária: ausência de menstruação aos 15 anos de idade (antes da menarca);
- Amenorreia secundária: ausência de menstruação após menarca;
- Oligomenorreia: ciclos menstruais longos, superiores a 35 dias;
- Hemorragia uterina anormal.
- Obesidade;
- Resistência à Insulina;
- Alterações do perfil lipídico;
- Hipertensão;
- Distúrbios psiquiátricos;
- Existe um aumento na secreção da hormona luteinizante (LH), com valores baixos ou no limite inferior do “normal” da hormona folículo estimulante (FSH); O que leva a um aumento da relação LH/FSH;
- Quando há um aumento na secreção de LH, as células são estimuladas a produzir mais androgénios, principalmente testosterona, sem que haja a conversão proporcional deste androgénio em estradiol;
- Como há uma menor produção de FSH, há uma maior dificuldade no crescimento do folículo até um estágio da maturação, acabando por ficar em estádios intermédios. Este fator é responsável pela morfologia poliquística.
Por outro lado:
- Os níveis elevados de insulina vão promover o excesso de hormonas sexuais masculinas e disfunção dos ovários, através:
- do aumento na produção de androgénios pelos ovários;
- da alteração do padrão de secreção de LH, que por sua vez leva a uma desregulação dos ciclos menstruais;
- da diminuição da síntese da proteína transportadora de hormonas sexuais (SHBG) pelo fígado (esta proteína é responsável pela ligação às hormonas sexuais). Quando a SHBG diminui, a fração livre (fração ativa da hormona) aumenta, que neste caso trata-se da testosterona.
Nota: as mulheres portadoras desta síndrome apresentam resistência à insulina e hiperinsulinémia compensatória independentemente de sofrerem ou não de obesidade.
E será que posso fazer a diferença? É claro que sim!
Uma das primeiras abordagens para o tratamento é a alteração do estilo de vida: alimentação saudável e prática de exercício físico regular!
Ao contrário do que possa pensar, a alimentação desempenha um papel importante no tratamento desta síndrome. E porquê?
Para quem sofre de excesso de peso ou obesidade, um dos principais objetivos será melhorar a sua alimentação e perder o peso que tem em excesso.
A perda de peso traz benefícios em inúmeros fatores:
- Diminuição dos níveis de testosterona;
- Aumento da concentração de SHBG;
- Normalização dos ciclos menstruais;
- Diminuição da resistência periférica à insulina;
- Diminuição da dislipidemina;
De uma forma geral, é recomendado o aumento do consumo de hortícolas, ter presente a fruta, cereais ricos em fibras (dar preferência aos integrais), leguminosas, redução do consumo de carnes vermelhas e dar preferência ao peixe. A “qualidade” gordura é também importante, visto ser necessário reduzir o consumo de gorduras saturadas.
Deverá evitar o consumo de alimentos refinados e industrializados, visto apresentarem um Índice Glicémico elevado, como é o caso dos sumos, refrigerantes, bolachas, entre outros.
E será que a suplementação poderá ser um aliado?
Poderá ser um aliado, e há alguns compostos que têm demonstrado resultados interessantes, como é o caso:
- Mio-inositol: têm demonstrado eficácia na sensibilização à insulina como na vertente hormonal, regularizando a produção de androgénios pelo ovário;
- Vitamina D: o seu défice está relacionado à resistência à insulina, irregularidades ovulatórias e menstruais, infertilidade, hirsutismo e obesidade; será necessário monitorizar os seus valores;
- Magnésio: a sua deficiência poderá contribuir para um desequilíbrio hormonal e é fundamental na produção de insulina.
- Resveratrol: é um antioxidante, e para além de ajudar no stress oxidativo, têm demonstrado eficácia também a nível hormonal como da sensibilidade à insulina.
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