Como o stress afeta o intestino?
O stress é a sua capacidade de lidar com as demandas da vida e do corpo. Os fatores da vida, são também chamados de externos, e incluem: o trabalho, um relacionamento, problemas financeiros e etc. As demandas do corpo, são os fatores internos, como não ter um sono reparador. Se você dormir mal, isso vai afetar negativamente a sua capacidade de lidar com momentos de maior pressão no trabalho.
Imagina o seguinte cenário: você foi colocada em lay-off por uns meses e percebe que não vai ter dinheiro o suficiente para pagar todas as contas. Perante este cenário, o que acontece com o seu corpo? A partir do momento que essa demanda da vida induziu o stress, o seu sistema nervoso simpático é ativado. Você entra em estado de alerta, fica preparada para reações de luta e fuga, só que desta vez não é para fugir de um leão, mas sim, do banco. O sistema nervoso que não é assim tão simpático, toma energia ‘emprestada’ do intestino e isso resulta no seguinte:
- fluxo sanguíneo é reduzido;
- produção de muco é reduzida;
- movimentação reduzida de alimentos através do trato digestivo; e
- maior sensibilidade gastrointestinal.
E então essas alterações são as responsáveis pela sua dor abdominal, inchaço, diarreia ou obstipação.
Para melhorar você precisa ativar o sistema nervoso parassimpático, que tem a função de fazer o organismo retornar ao estado de calma que você estava antes de ter sido colocada em lay off.
Eixo intestino-cérebro
O eixo intestino-cérebro refere-se ao fluxo bidirecional de informações que ocorre entre o cérebro e o sistema digestivo. Esse eixo desempenha um papel importante na regulação de muitas funções vitais, incluindo:
- processos digestivos
- modulação do sistema imunológico associado ao intestino
- coordenação do estado físico e emocional com atividade no trato gastrointestinal.
Devido a essa comunicação entre os 2 sistemas, o stress psicológico pode causar problemas na digestão e problemas na digestão, pode causar problemas psicológicos. Em um estudo coorte foi observado que pessoas com níveis mais altos de ansiedade, mas sem problemas digestivos, estavam mais predispostas a desenvolver a síndrome do intestino irritável 12 anos depois. Além disso, as pessoas com SII no início do estudo (mas sem níveis elevados de ansiedade e depressão) apresentaram níveis significativamente mais altos de ansiedade e depressão durante o acompanhamento.
Solução
Existem várias maneiras de lidar o stress, mas estabelecer a sua causa está entre as mais importantes.
Uma vez que a causa é identificada, existem muitas técnicas que são fáceis de aprender e praticar na vida cotidiana.
- A técnica que mais tem evidências é o ato natural de respirar. A respiração diafragmática ou abdominal ou é marcada pela expansão do abdómen, e não do tórax. É uma manipulação do movimento da respiração que contribui para a diminuição do consumo de oxigénio, redução da frequência cardíaca e pressão sanguínea, aumento da atividade parassimpática e é acompanhada por uma sensação de revigoramento. E são necessários poucos minutos para atingir esse bem-estar.
- O relaxamento muscular progressivo também pode reduzir o stress. Nesta técnica você precisa tensionar e relaxar alternadamente os músculos das pernas, abdómen, tórax, braços e rosto em um padrão sequencial com os olhos fechados. Geralmente 15 a 20 minutos por dia. Você pode fazer sozinha ou com um programa de áudio.
- A meditação é uma técnica em que você é incentivada a prestar atenção no momento presente e sem julgamento. Essa técnica também pode ajudar a reduzir os sintomas gastrointestinais na síndrome do intestino irritável, com resultados mantidos a longo prazo.
- O biofeedback é um tratamento no qual os sinais fisiológicos são medidos e convertidos em indicações auditivas ou visuais. Essas indicações permitem que os pacientes reconheçam os seus sintomas corporais e que desenvolvam capacidades de autorregulação, primeiro pelo uso de equipamento de biofeedback e, posteriormente, sem. O objetivo final é que os pacientes consigam regular as suas reações fisiológicas e emocionais.
- A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um tipo de psicoterapia cada vez mais aplicada a pacientes com SII. É uma técnica que ajuda-os a gerenciar o sofrimento psicológico que pioraria os sintomas intestinais.
Nesta abordagem aprende-se sobre:
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- psicoeducação (sobre a resposta ao stress e sua relação com problemas gastrointestinais);
- construir uma visão das respostas cognitivas e comportamentais aos sintomas da SII e / ou medo dos sintomas, e
- modificar essas respostas para reduzir o stress relacionado à SII e a reatividade física.
Através desta terapia, consegue-se:
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- aplicar técnicas de auto-monitoramento de sintomas;
- entender a relação entre sintomas e stress;
- utilizar técnicas de relaxamento;
- reestruturar efetivamente as cognições e
- aplicar habilidades de controle atencional (meditação).
A taxa de sucesso varia entre 25 e 80% e os resultados são mantidos. A duração do tratamento varia de 4 a 12 semanas, com períodos de intervenção mais longos associados a melhores resultados a longo prazo.
Quando os sintomas digestivos são moderados a graves e estão associados ao stress psicológico, a ponto de prejudicar a sua qualidade de vida, as técnicas mencionadas acima podem ajudar. Atualmente, não há dados comparativos para determinar se alguma técnica é superior a outra. É uma questão de testar e ver o que funciona melhor para si.